Programa Vida Rural 24 de Julho de 2021

Programa Vida Rural 24 de Julho de 2021

Programa Vida Rural 24 de Julho de 2021, informativo do STR de Vacaria e Muitos Capões. Programa Especial comemorativo do Dia do Colono e do Motorista, data celebrada no dia 25 de julho.

O Reconhecimento do STR de Vacaria e Muitos Capões as pessoas que se doam todos os dias, com chuva, frio, sol, a dificuldade não existe quando se tem uma missão, jornada de Vida, pois é da terra que vem o alimento, porém alguém precisa plantar e é você agricultor, agricultora que tem essa nobre missão… Muito obrigado, Deus os abençoe, hoje e sempre!!!

 

Agricultura familiar: os desafios para alimentar o Brasil

Quando o assunto é “agricultura familiar”, as expressões que mais vêm à cabeça são “trabalho duro”, “persistência” e “força de vontade”. Aliás, adjetivos para homenagear essas pessoas não faltam. A Agricultura Familiar é grande responsável pela produção dos alimentos que são disponibilizados para o consumo da população brasileira. Trata-se de pequenos produtores rurais que fazem a diferença em pequenas propriedades e produções. Porém, somados, nos oferecem uma infinidade de culturas, como hortaliças, feijão, milho, arroz, carne (suínos, caprinos, aves e gado), leite, ovos, e fruticulturas variadas. Como a própria denominação diz, a propriedade é compartilhada pela família e a atividade produtiva agropecuária é a principal fonte geradora de renda. De acordo com o Ministério da Agricultura, a Lei 11.326, de 24 de julho de 2006, define as diretrizes para formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e os critérios para identificação desse público. Pela Lei, é considerado agricultor familiar e empreendedor familiar rural “aquele que pratica atividades no meio rural, possui área de até quatro módulos fiscais, mão de obra da própria família, renda familiar vinculada ao próprio estabelecimento e gerenciamento do estabelecimento ou empreendimento pela própria família”.

O Censo Agropecuário de 2017, levantamento feito em mais de 5 milhões de propriedades rurais de todo o Brasil, aponta que 77% dos estabelecimentos agrícolas do país foram classificados como da agricultura familiar. Em extensão de área, a agricultura familiar ocupava no período da pesquisa 80,9 milhões de hectares, o que representa 23% da área total dos estabelecimentos agropecuários brasileiros. O levantamento ainda mostra que o setor empregava mais de 10 milhões de pessoas em setembro de 2017, o que representava 67% do total de pessoas ocupadas na agropecuária. A agricultura familiar também foi responsável por 23% do valor total da produção dos estabelecimentos agropecuários. O segmento responde por 48% do valor da produção de café e banana; nas culturas temporárias, são responsáveis por 80% do valor de produção da mandioca, 69% do abacaxi e 42% da produção do feijão.

Nos Campos de Cima da Serra não é diferente. Mesmo em meio a crises econômicas e políticas, a agricultura familiar movimenta milhares de pessoas todos os dias. A grande maioria das famílias consegue comercializar tudo o que produzem. Morando e trabalhando (praticamente desde que nasceu), Marcelo Santos Souza, 38 anos, tem uma pequena propriedade na Raia Gaúcha – 5º Distrito (Refugiado). Produz, principalmente, uva, amora e cria gado. “A cada ano que passa, é um desafio”, conta. “Num ano é geada, noutro o granizo. Tem ainda as leis trabalhistas e ambientais, os custos de produção, mas não podemos desanimar”, completa Souza. Para ele, apesar das dificuldades diárias, ainda há o que comemorar. “Tudo o que se produz aqui pode ser comercializado. Anos atrás, havia bem mais dificuldade de venda, sem contar o preço que não valia a produção. Hoje, se produz e vende tudo”, compara.

Marcelo Souza lembra como começou e o que fez para se manter na terra: “Meu começo foi do nada e foi necessária muita orientação. Fui privilegiado e até hoje é assim, tive orientação da Emater e do Sindicato, sempre tive apoio em como plantar, como fazer. A Secretaria da Agricultura sempre nos ajudou também. Claro que o começo sempre é mais difícil, comecei com amora, com orientação da Emater e, em seguida, veio a framboesa e depois a uva, sempre com responsabilidade e observando quais as culturas se saiam melhor. Apesar dos desafios constantes, dá para sobreviver fazendo dessa forma”

Sobre o futuro, o agricultor acredita que seja “incerto, já que não há muito o que esperar, com mudanças de governo e outras coisas, a não ser enfrentar.” “Não dá para desistir!”

Já Volcir Longui Zoraski, 37 anos, mora e trabalha “desde que nasceu” na Capela de Fátima, Fazenda da Estrela, em Vacaria. Ao lado da família, produz pequenas frutas e pecuária. “No meu ponto de vista, a agricultura vive um bom momento, passou por um grande processo de modernização de tecnologias, o que facilitou e aumentou a produção no nosso interior”, avalia. “Porém, tudo isso nos trouxe um custo altíssimo e se não tivermos um bom planejamento e uma boa administração na propriedade, o produtor não consegue se manter. Os investimentos são muito altos”, completa Zoraski.

Ele explica que o retorno financeiro não é igual ao de um trabalhador assalariado. “Geralmente recebemos uma vez ao ano”, conta. Sobre “apoios”, ele acredita que “falta dos órgãos públicos, afinal é a agricultura que está mantendo nosso País de pé”. “O que penso ser bastante preocupante é o envelhecimento da população que trabalha na agricultura. Quase não se encontram jovens no meio rural ou muito pouco. Há muitos idosos e aposentados, pessoas que saíram daqui jovens, voltaram e construíram casas para lazer e final de semana. Produtores, agricultores mesmo, são poucos.”

Volcir Zoraski diz que “viver no interior é bem mais tranquilo e, com a pandemia, aqui virou um lugar seguro”.
Leonilda Passarin foi morar com 7 anos de idade na Capela de Fátima, Fazenda da Estrela. Sempre trabalhou com a família na agricultura. Casou aos 24 anos, com o marido que veio do Capão Alto e tiveram três filhos. Dois deles moram na cidade e uma filha trabalha junto na terra. “Sempre vivemos bem com o fruto do nosso trabalho. Nunca passamos fome, sempre tivemos muita dificuldade, mas assim mesmo, estamos aqui”, resume.

Ela conta que as primeiras famílias chegaram na localidade em 1950. “Encontraram mata fechada e terra fértil e tinham muita vontade de trabalhar. Ao longo dos anos, os casais mais novos saíram para a cidade e aqui ficaram os mais velhos. Até hoje é assim, mas agora temos maquinário para ajudar no trabalho e a vida está melhorando. Claro que poderia ser melhor se os nossos governantes ajudassem mais, porque as dificuldades são inúmeras. Temos empréstimos a juros muito caros nos bancos, impostos altos e insumos difíceis de pagar”, comenta Leonilda.

“Mas não podemos desistir. A nossa sobrevivência depende da produção”, completa. “Sei que com trabalho, tudo vai melhorar e quando acabar a pandemia, vamos fazer uma grande festa para comemorar as boas safras”, projeta ela.

Com informações de Eleandro Radames Bonesi

Texto publicado na edição deste sábado do jornal Correio Vacariense.

 

 

Volcir Zoraski e Família – Capela de Fátima – Vacaria RS

Propriedade Família Zoraski- Capela de Fátima – Vacaria RS

Propriedade Família Zoraski- Capela de Fátima – Vacaria RS

Leonilda Passarim – – Capela de Fátima – Vacaria RS

Leonilda Passarim – – Capela de Fátima – Vacaria RS

Leonilda Passarim – – Capela de Fátima – Vacaria RS

Marcelo Santos Silva – Comunidade da Raia Gaúcha – Vacaria RS