Programa de Rádio Vida Rural de 08 de março de 2025
Participação de Maucir Pauleti Instituto de Direitos Humanos do Matogrosso do Sul.
STR de Vacaria e Muitos Capões apoia projeto para garantir pagamento direto a trabalhadores da colheita da maçã
Na última quarta-feira, 6 de março, a sede do Sindicato dos Trabalhadores e Assalariados Rurais (STR) de Vacaria e Muitos Capões recebeu representantes do Instituto de Direitos Humanos do Mato Grosso do Sul e da Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae-MS). Desde 2015, as entidades acompanham a colheita da maçã na região, buscando melhorias nas condições de trabalho dos assalariados, especialmente dos trabalhadores indígenas.
Durante o encontro, Maucir Pauletti destacou a ineficácia da aplicação de multas como única solução para problemas trabalhistas. Segundo ele, as penalizações nem sempre resultam em mudanças efetivas para os trabalhadores. “A multa deve ser a última possibilidade. O importante é ter um processo educativo e transparente, que considere os direitos de ambas as partes, tanto dos empregados quanto dos empregadores”, afirmou.
Um dos pontos abordados foi a dificuldade enfrentada pelos trabalhadores indígenas no recebimento de seus salários. Muitos recebem por cheque e, para descontá-lo, acabam perdendo até 20% do valor devido a taxas cobradas por intermediários. “É um problema grave. Já recebemos entre 40 e 50 denúncias por safra de trabalhadores que, ao voltarem para suas cidades de origem, chegam sem quase nada do que receberam”, alertou Pauletti.
Diante dessa realidade, está sendo implantado um projeto piloto em uma empresa de Vacaria para garantir o pagamento direto aos trabalhadores, sem a necessidade de intermediários. A iniciativa atende a um pedido do procurador do Trabalho, Dr. Jefferson, e busca implementar contas digitais sem custos para os trabalhadores.
O STR de Vacaria e Muitos Capões, por meio de seu presidente Sérgio Poletto, apoia integralmente essa iniciativa. “O salário é um direito fundamental e deve ser recebido integralmente pelo trabalhador. Ele reflete o esforço da mão de obra empregada, e não faz sentido que alguém tenha que perder parte desse valor no caminho”, destacou Pauletti.
A expectativa é que o projeto facilite a vida dos trabalhadores e sirva de modelo para outras empresas da região. Com a aproximação da colheita da maçã Fuji e de outras culturas, a implementação dessa medida pode representar um avanço significativo na proteção dos direitos dos assalariados rurais.
