Audiência pública em Bento Gonçalves reforça preocupação com uso do 2,4D e possíveis impactos na produção e saúde dos trabalhadores
Na última segunda-feira, 09 de junho, uma audiência pública promovida na sede da Embrapa em Bento Gonçalves reuniu representantes de diversos setores para discutir os impactos do uso do herbicida 2,4D na região. Representando os trabalhadores rurais, Sérgio Poletto, presidente do STR de Vacaria e Muitos Capões e vice-presidente da FETAR-RS, participou do encontro e relatou os principais pontos debatidos.
Segundo Poletto, o evento reforçou a preocupação crescente com os prejuízos causados pelo 2,4D em culturas sensíveis como a uva, a oliveira e os hortifrutigranjeiros. “A maioria das regiões onde ocorreram essas audiências públicas já enfrentam perdas significativas. Se continuar assim, pode não haver mais colheita de uva e outros produtos nos próximos anos”, alertou. Ele já esteve presente em cinco audiências sobre o tema, incluindo encontros presenciais e virtuais, além de uma audiência pública em Porto Alegre.
O dirigente sindical destacou ainda o tom de alerta de especialistas presentes no encontro. “Ouvi relatos de que estamos à beira do abismo. Hoje produzimos, mas se o uso do 2,4D continuar dessa forma, daqui a cinco ou dez anos, não colheremos mais nem um quilo de uva”, enfatizou. Técnicos, agrônomos e pesquisadores presentes na audiência reforçaram o impacto devastador do herbicida, apontando para a necessidade urgente de revisão do seu uso.
Como vice-presidente da FETAR-RS, Poletto afirmou que a entidade defende que decisões sobre a continuidade ou proibição do 2,4D sejam baseadas em estudos científicos. “Queremos que pesquisadores e especialistas sejam ouvidos e que haja uma decisão técnica, com base em dados reais, não em interesses isolados”, ressaltou.
Por fim, além dos prejuízos à produção, Sérgio Poletto chamou a atenção para um ponto crucial que muitas vezes é negligenciado: a saúde do trabalhador rural. “A grande discussão que temos é essa: a produção está sendo perdida, mas e a saúde de quem aplica esses produtos e vive nesses ambientes? Como fica?”, questionou, reafirmando o compromisso do STR e da FETAR com a proteção integral dos trabalhadores e da produção agrícola sustentável.